Dia Internacional contra a transfobia - e a língua portuguesa, fica como?
No dia 17 de maio, em 1990, a Organização Mundial de Saúde reconheceu que a homossexualidade não é uma doença, excluindo-a do CID – Código Internacional de Doenças. Na mesma época, se discutia ao projeto antimanicomial, resultando na Lei nº 10.216/2001, ficando conhecida como Lei da Reforma Psiquiátrica.
O que estes dois pontos têm em comum? Vamos lá!
Essa visão da homossexualidade como uma doença levou a várias práticas prejudiciais, como a terapia de conversão, que buscava "curar" as pessoas da homossexualidade, inclusive por meio da internação psiquiátrica. Tais tratamentos incluíam terapia de aversão e de choque elétrico, sendo obviamente, traumáticas e dolorosas e, o que é pior, não tinham base científica para sua eficácia. Em muitos casos, esses tratamentos resultavam em danos psicológicos e emocionais graves para a pessoa. Aliás, naquela época, se chamava "homosexualismo".
Pois bem. Fobia é um termo usado para descrever um medo irracional, intenso e persistente de um objeto, situação ou atividade específica. Trata-se de uma condição de saúde mental, constante do CID-11 no capítulo F40 - Transtornos fóbico-ansiosos. As fobias podem ser tratadas com terapia cognitivo-comportamental, medicação ou uma combinação de ambos. É importante procurar ajuda profissional se a fobia estiver causando sofrimento significativo ou interferindo nas atividades diárias da pessoa.
Pois bem 2. Eis que após 20 anos da feliz exclusão de uma característica da personalidade de uma condição patológica, vemos o processo inverso do ponto de vista social e cultural. A patologização de condições comportamentais – sejam elas intolerância, repulsa ou mesmo aquelas moralmente não aceitáveis, sejam comportamentos criminosos ou segregadores de determinados grupos – negros, gay, obesos, etc.
E porque pensar sobre isso? Pelo simples motivo de que doenças devem ser tratadas, não punidas. Como sociedade, já erramos misturando crime, patologia e personalidade. Encarceramos gays e lésbicas em presídios e sanatórios e hoje há grupos de lutas para punição à ‘gordofobia’, esta vulgarmente entendida como atos de discriminação e preconceito – os quais sim já tem tipificação penal.
Está claro, a menos para mim, que a sociedade saiu construindo substantivos de forma aleatória, utilizando terminologias direcionadas a causar impacto impacto para chocar e dar visibilidade a determinados temas. . A falta de vocabulário do brasileiro e a baixa média de leitura anual estão diretamente relacionadas à forma como os sufixos e prefixos são aplicados de forma errada. Quando uma pessoa não tem um bom domínio da língua portuguesa, ela pode ter dificuldade em entender o significado de palavras complexas e, consequentemente, ter dificuldade em se expressar de forma clara e precisa.
Por exemplo, o sufixo "-ismo" é usado para indicar uma ideologia ou doutrina, mas é comum encontrar pessoas usando-o de forma errada, como em "racismo contra os brancos", quando na verdade o correto seria "discriminação contra os brancos. Assim como quando foi utilizado para definir a homosexualidade de forma a torná-la patológica e, portanto, tratável.
Ou seja: se entendemos que determinadas condutas são fóbicas, vamos lutar por tratamento adequado. Do contrário, estamos penalizando doentes pela própria doença – e demonstrando ignorância da língua portuguesa.